Falando em amor…

Quero dizer que te amo só de amor. Sem ideias, palavras, pensamentos. Com sentimentos, sentidos, emoções. Olho no olho, cara a cara, corpo a corpo. Quero querer que te amo só de amor.
Meu amor, te escrevo feito um poema de carne, sangue, nervos e sêmen. São versos que pulsam, gemem e fecundam. Meu poema se encanta feito o amor dos bichos livres às urgências dos cios e que jogam, brincam, cantam e dançam fazendo o amor como faço o poema.
Eu te sinto na pele, não no coração. Quero do amor as tenras superfícies onde a vida é lírica porque telúrica, onde sou épico porque ébrio e lúbrico. Quero genitais, todas as nossas superfícies.
Nossa nudez juntos, não se completa nunca, mesmo quando se tornam quentes e congestionadas, úmidas e latejantes todas as nossas mucosas.

A nudez a dois não acontece nunca, porque nos vestimos um com o corpo do outro, para inventar deuses na solidão do nós. Por isso, a nudez, no amor, não satisfaz nunca…”

Roberto Freire (Escritor, jornalista e psicanalista)

Enviado por Betina Zpala