Sobre Perdas

Estamos ao final do primeiro semestre de 2.012 e já aconteceu tanta coisa que me permito fazer um “balanço” de tudo.

Janeiro: entre o rescaldo das festas de fim de ano e de tanto chororô, os preparativos para minha formatura. Minha avó, mulher incrível, de 89 anos é internada por conta de seu câncer.

Fevereiro: a presença constante dos familiares, visitas ao hospital, preparativos para o baile de formatura, sou consolada por uma tia muito querida e uma bomba no dia seguinte: esta mesma tia sofre um AVC. O baile nem foi aquilo tudo e houve muitas ausências. Após 40 dias internada e sem poder comer, minha querida avó nos deixa, não sem antes ter despedido de cada um, ter deixado uma palavra, um ensinamento e uma lição de vida.

 

 

Eu entre os patriarcas desta família – Esta foi a foto escolhida para estar no telão do baile de formatura ilustrando a minha infância

Março: colação de grau, enfim bacharel de “verdade”.Assisto à luta de minhas primas e tio S. com a minha tia que sofreu o AVC.

Abril: continuo lutando para manter Negão, meu amado cão da “raça” Pakita (Pastor + Akita), comendo, agora que sabemos realmente sua doença:câncer de pâncreas com metástases. Tia M se vai definitivamente para o sítio, nosso ponto de encontro perde a referência.

 Maio: faço 32 anos. Dois dias depois Negão se vai em meus braços. Fly e Luna chegam, não sem antes deixarem suas marcas no carro do meu marido e este me demonstrar como o amor pode ser generoso. Aniversário do meu tio S. Minha tia demonstra querer melhorar.

Junho: a confirmação de que meu pai está bem. Kyra, cachorra daquelas minhas primas e tio que estão com minha tia com um lado paralisado por conta do AVC e uma depressão que sempre foi dela, é atacada pelo cachorro do vizinho e ‘ganha’ um corte de 40 pontos no pescoço e sabe-se lá quantos mais em sua pata. Santa veterinária do Negão foi acionada para combater uma infecção e assim, salvar Kyra. A depressão de minha tia parece se instalar de vez. Tia Li ataca de doceira novamente e prepara 500 e tantos beijinhos e brigadeiros, algumas tortinhas salgadas e mamãe da tia Li faz queijadinhas maravilhosas só para comemorar os 2 anos do anjinho.

Todas estas perdas eu enfrentei, aceitei e me conformei. A única que tenho vontade de gritar aos 4 ventos, chacoalhar ou ter o poder de dizer; “Me dá aqui que eu faço do meu jeito!” é com esta minha tia MH.

Mineira, mulher guerreira, lutadora, forte, criou 3 filhas maravilhosas, nunca negou esforço ou ajuda a ninguém, possui um companheiro de todas as lutas, à sua maneira, é verdade, mas é um bom companheiro, se deixar abater assim por um “simples” AVC. Essa sombra que habita este corpo não é minha tia que tanta força me deu um dia antes deste incidente. Levante, lute e nos alegre e, principalmente, tire esse fardo da sua família. O fardo a que me refiro, você bem sabe, não é o de tirar e pôr na cama ou cadeira de rodas, tampouco nas ajudas constantes e necessárias para o banho, vestir e demais atividades que nem nos damos conta. O fardo que está difícil de carregar e, que vejo, logo será deixado só para você, tia MH, é seu descaso com os profissionais que lhe ajudam, não reconhecer o esforço grande e a dor que sua filha enfrenta todos os dias ao ter a mãe e a sogra nesta situação, vítimas do AVC.

Se não por você, por todos que se dedicam dia-a-dia à sua recuperação pegue as rédeas desta situação e enfrente-a, me mostre de novo aquela mulher cheia de brilho e histórias para contar, se você tentar, de verdade, uma única vez e não der certo eu lhe apóio em todas as suas loucuras (até na de solicitar 5 tipos de sucos diferentes num único dia e devolver cada um deles 5 vezes com uma desculpa diferente).

Já perdemos demais este ano, então para este segundo semestre, que começa no domingo, nos faça ganhar!

 Li é genérica, administradora, família e quer seu 2.011 de volta.

A pedra

No meio do rim tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do rim
Tinha uma pedra
No meio do rim tinha uma pedra

… Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas mijadas tão ensanguentadas
Nunca me esquecerei que no meio do rim
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do rim
No meio do rim tinha uma pedra

Enviado por Paulo Paulada

De volta para casa

Há algum tempo eu tenho sentido necessidade de escrever. Não sei se foi o término da faculdade ou a saudade do clima gostoso do Genérico, que a faculdade me afastou um pouco. Falei com DD e este abriu as portas deste espaço novamente para mim.

Quero falar de tudo um pouco, do que vai na minha vida, dicas de organização, artesanato, finanças, atualidades, animais de estimação, enfim o que me der vontade. Para este (segundo) primeiro post eu quero contar um pouco de mim e o que me tornei.

Aos 26, por encontros e desencontros na internet caí no BDL, um grupo musical que nasceu no mesmo ano que eu, que eu já conhecia sem ser fã, porém o que me motivou a continuar naquele espaço, visitá-lo todos os dias, comentar e interagir com os demais leitores foram os textos, causos e poesias ali escritos. Cada um a sua maneira com algo muito bom a dizer. O espaço dos comentários ficou pequeno para nossa algazarra. DD em sua generosidade criou o nosso espaço e convidou cada um a dar a sua contribuição. Escrevi um pouco por lá, porém o ingresso na faculdade e a rotina do trabalho, infelizmente, não me permitiram mais continuar em contribuição assídua.

Aos 31, tornei-me administradora com ênfase em finanças, casada há 2 anos, 4 gatos, um cachorro e apaixonada por organização e afazeres da casa.

Próximo aos 32 pretendo ser uma ‘escrevinhadora’, muito por vontade e muito por orientação/bajulação de um grande amigo Genérico. Pretendo manter um ritmo constante de escritos, porém ainda sem temas pré-definidos, porque afinal pode acontecer alguma coisa engraçada e eu resolver contar. Quem deixaria de contar que seu gato mais novo caiu dentro do vaso sanitário às 6:00 enquanto seu marido fazia seu xixi matinal em troca de um tema pré-definido e menos tragicômico?

                                                                    Jack: campeão em mergulho matinal em vaso sanitário.

*Li é Genérica, mãe de gato e cachorro e administradora

Feng shui da alma

Ano novo com vida nova! É com esse pensamento que a grande maioria das pessoas começa o ano. Cores que trazem sorte, calcinha nova, mandingas e patuás, o ritual das ondas, dos santos e orixás. Todo esse ritual em busca de uma mudança – para melhor, é claro – mais sorte no amor, nos negócios e no cotidiano.

Que tal um ritual novo para este ano?

Eu vou chamar de feng shui da alma, e você pode tentar.

Em primeiro lugar vamos jogar fora tudo o que não tem utilidade, tudo que não presta. Comece a vasculhar todas as gavetas e armários da sua mente e coração e comece a procurar. Ódio, inveja, raiva, frustrações, ressentimentos, stress, tudo isso só está tomando espaço, além de serem sentimentos que não trarão nada positivo. Jogue tudo fora, delete, faça um pacote e mande para o espaço cósmico. Não tem por que você perder tempo e espaço com sentimentos negativos.

Mantenha o amor, a compreensão, o respeito, a calma e todos os outros sentimentos que te fazem sentir melhor.

Desista de querer ser feliz.

Quando eu falo sobre desistir da felicidade, não estou falando da felicidade real, a felicidade está nas coisas simples, no nosso cotidiano e muitas vezes estamos tão preocupados com a felicidade fútil que nos esquecemos da felicidade real.

Para muitas pessoas a felicidade se resume apenas em coisas materiais, aquele carro novo, casa nova, roupas de grife e outros.

O que acontece quando as pessoas não conseguem essa felicidade fútil?

A frustração, que leva à inveja, que leva ao ressentimento, que leva ao ódio.

Perseverar e lutar é nobre, mas entender as limitações é sábio.

Ame sempre e abra o seu coração.

Ame, mas ame de verdade, sem esperar nada em troca. Ninguém é obrigado retribuir o seu amor. O amor verdadeiro não espera nada em troca, você apenas ama e pronto.

Se a outra pessoa não quiser retribuir haverá sempre alguém precisando.

Quem ama esperando algo em troca, sempre se machuca.

Olhe além.

Olhe além da aparência, do status social, da idade. Você vai perceber que existe que existe um mundo cheio de opções e muitas coisas para aprender.

Neste ano novo abra os braços para a vida, aprenda o que ela tem de melhor para ensinar e ame de verdade. Sorria para o mundo e seja feliz!

Enviado por Dabliu Doug

Eclipse

Como num eclipse você vem
cola em mim, me cobre , encobre
causando-me tempestades nas entranhas.
Poucas palavras sao ditas… marotos,
sem timidez, somos loucos em devaneios.
O dia se faz noite, a noite se faz dia,
sem nenhuma confusão de sentimentos,
com os corpos nus em total completude.
Assim são nossos cúmplices encontros.
Como num eclipse, nos afastamos…
lentamente o dia volta a ser dia
e a noite se entrega aos ciclos da lua,
ate que nossos corpos se procurem de novo
cheios de vontade e da mais pura energia.

Por Vera Nilce Cordeiro Correa

Lambe-Sujo de Laranjeira x Caboclinho

 

O Lambe-Sujo de Laranjeira x Caboclinho é uma festa tipicamente sergipana, encenada todo segundo domingo de outubro, na cidade de Laranjeiras, a 20 km de Aracajú.
É a maior manifestação de teatro espontâneo ao ar livre do mundo e consiste na encenação da luta entre negros, os lambe-sujos, e os caboclinhos, que eram mandados pelos brancos para destruírem os quilombos.
Os lambe-sujos pintam o corpo com uma mistura de tinta preta e mel de carnaúba, usam um gorro vermelho e carregam uma foice – símbolo da luta pela liberdade. Os caboclinhos pintam o corpo de vermelho e vestem-se de índio.
À tarde acontece o “combate” onde os dois grupos folclóricos encenam a derrota dos negros. Ao longo do dia os grupos dançam o maracatú, abraçam os visitantes e os pintam com a tinta preta, que fica em baldes em frente as casas.
No almoço os moradores oferecem uma feijoada com farinha de mandioca para os Lambe-sujos, que é comida com as mãos. É diversão garantida: o entrosamento, a hospitalidade e a alegria contagiam todos. Uma das festas mais malucas e divertidas que já participei. Vale a pena conferir.

Por Edna Madalozzo*

 

*Edna Madalozzo é jornalista, viajante e colaboradora do BloGenérico

Enfrente o ciúme

O que eu disser só se tornará uma experiência para você se for colocado em prática. E de que modo colocar isso em prática? Ficando frente a frente com o ciúme. Agora ele não está na sua frente; está escondido atrás de você.

Não reprima o ciúme. Expresse-o. Sente-se no seu quarto, feche a porta e concentre-se no ciúme. Observe-o, veja-o, deixe que ele se torne tão forte quanto uma labareda. Deixe que ele se torne uma enorme labareda e queime nesse fogo, vendo o que ele é.

Não comece dizendo que o ciúme é feio, porque essa ideia vai reprimi-lo, não deixará que ele se expresse plenamente. Nada de opiniões! Tente simplesmente ver o efeito do ciúme na sua vida, olhe para o fato existencial. Sem interpretações, sem ideologias.

Esqueça os budas e entre em ação; esqueça-me. Deixe que o ciúme aflore. Olhe para ele, olhe bem dentro dele e faça o mesmo com a raiva, com a tristeza, com o ódio, com a possessividade.

Pouco a pouco você verá que só o fato de olhar para essas coisas suscitará um sentimento transcendental de que você é apenas uma testemunha; você deixa de se identificar. Você só para de se identificar quando encontra algo dentro de você.

Osho, “Emoções: Liberte-se da Raiva, do Ciúme, da Inveja e do Medo”

 Texto enviado por Prem Aditi direto de Curitiba para o BloGenérico

Mercado

-Ai, desculpa…
Em frações de segundos, que pareciam uma eternidade, lembrou-se dele indo embora, com as mãos no bolso sem olhar para trás. Ela permaneceu sentada no meio-fio, não chorou, mas sentiu uma lágrima, a primeira de um rio. Vinte anos em frações de segundos.
– Não acredito! É você mesmo Isabel?!?! – ele estava pasmado.
Ela demorou a responder, não conseguia raciocinar direito. Vinte anos depois, reencontrar o primeiro amor de sua vida, no mercado, cheia de compras, usando jeans e camiseta, numa TPM monstruosa, só poderia acontecer com ela. Ele continuava com aquela carinha de menino. Jeans, camiseta e tênis, claro que já era um quarentão grisalho, mas a aura do menino permaneceu.
– Marco! Quanto tempo! – foi a única coisa que ela conseguiu responder.
– Que coisa, hein? Já faz tempo, né?
– Vinte anos e dois meses. – foi categórica, era a única coisa que ela sabia com exatidão naquele momento.
Marco fez a menção de abraçá-la, ela instintivamente estendeu a mão. Ele percebeu, mas puxou-a para si, ele queria sentir o cheiro dela, queria sentir aquele corpo, mesmo que por segundos, mesmo que pela última vez.
Ela gostou, na verdade queria sentir aquele abraço, queria saber se a sensação era a mesma de vinte anos atrás e de repente o mundo parou, eles disseram tudo o que queriam na ternura e no silêncio daquele abraço.
-Que tal um café? – perguntou Marco
– Claro! Mas antes me ajude a guardar as compras. – respondeu sem pensar na casa, no marido e nos filhos.
Isabel estava na fase do “balanço”, descobriu que estava acostumada com o pai de seus filhos, aquela ferveção passional acabou logo após o nascimento do primogênito, casada há quase dezenove anos empurrava o casamento com a barriga por quase dezesseis, coisas que foram construídas em conjunto, filhos, conforto, família. O divórcio seria desperdício, então ela fingia que estava tudo bem e sonhava com o dia que pediria a separação.
Começaram a conversa com assuntos banais, mas depois das compras guardadas, o café servido, eles entenderam que era melhor ir direto ao assunto, sem rodeios, fazer como antigamente perguntas e respostas sem medo ou restrições. E aos poucos eles conversavam como há vinte anos.
– Marco, me fala de sobre você, o que você anda fazendo? Casou? Tem filhos?
– Falo sim, acabei de me separar, depois de quinze anos de casado percebi que eu nunca amei a mãe dos meus filhos, percebi que desde que a conheci ela usava uma máscara e que com o tempo essa máscara caiu. Certa vez fomos viajar com as crianças e ela começou a reclamar. Sabe aquele discurso pronto do Gasparetto? Aquele papo de anulação, patatí , patatá.
– Por que você está rindo? Perguntou Marco.
– Eu também já usei este discurso. Respondeu Isabel
– Tudo bem, acho que toda mulher usa, mas ouvir por trezentos quilômetros durante a ida e mais trezentos na volta haja paciência! Vai ser chata assim lá em Piracaia.
Os dois caíram na gargalhada.
-A verdade é que depois daquele dia comecei entender que já não conhecia mais aquela mulher, era outra pessoa, em todos os sentidos. – Isabel não conseguiu sentir uma ponta sequer de compaixão pela mulher de Marco.
-Ela andava infeliz e eu também, então um belo dia após uma discussão boba, mas boba mesmo, eu sugeri o divórcio e ela aceitou numa boa. – concluiu Marco.
-E você, como anda a vida? – perguntou curiosamente
Neste momento o coração de Isabel disparou, ela ficou aflita e estranhamente, após alguns segundos senti-se calma, afinal estava conversando com Marco, o grande amor de sua vida. Ela apenas olhou fixamente nos olhos de Marco e ele pode tirar as conclusões, o silêncio se fez presente por um tempo.
Marco segura a mão de Isabel e com os olhos vermelhos diz o que os dois sabiam desde o início, desde vinte anos atrás.
– Eu te amo como nunca amei ninguém em minha vida, você foi, é, e sempre será meu único amor e eu queria ter dito isto no instante que te vi.
Isabel desmoronou, aquele sentimento tão antigo parecia estourar em seu peito novamente, agora, mais que nunca, ela sabia que Marco era o seu grande e eterno amor.
– Te amo igual, não tem um dia em que eu não pense em você.
Refeitos, eles caminham juntos em direção ao estacionamento e foi ali que eles trocaram o beijo mais apaixonado de suas vidas, era inevitável, incontrolável, irracional, era apenas desejo, paixão. Se fosse possível escolher o momento da morte, os dois escolheriam este.
Trocaram os números de telefone, e-mail, prometeram que jamais se distanciariam novamente e que algum dia iriam morar juntos na praia brava, um antigo sonhos que os dois dividiam.
Depois deste dia, Isabel ficou mais bonita, mais feliz, ela estava apaixonada novamente. Marco encontrou um motivo para voltar a sonhar, as tardes ou manhãs que eles passavam juntos, amando, conversando, sonhando, valiam qualquer risco ou esforço, Marco nunca cobrou nada de Isabel, pois sabia que ela o amava, Isabel não via a hora do caçula terminar a faculdade, ela queria passar o resto de sua vida ao lado de Marco, na praia brava, caminhando ao entardecer com o seu único amor.

*por DD
Porque eu sei que é amor